quarta-feira, 22 de abril de 2009

COMEMORAÇÕES E COMEMORAÇÕES

por André Pugliesi

A comemoração do gol diz muito sobre o jogador. Quando o cara guarda o nenêzinho na rede revela a sua verdadeira face. Mostra que é generoso, marrento etc. E reparem, quem é craque, curte. Quem não é, vacila, e põe tudo a perder.

Um exemplo óbvio: Pelé. O negrão era tão nervoso que inventou a sua própria forma de comemorar. Partia correndo em velocidade moderada, carregando toda aquela pujança africana, saltava só o suficiente e socava o ar. Com um detalhe importantíssimo, que faz toda a diferença e corrobora a minha "tese": invariavelmente, o Edson sorria lindamente, arreganhando a dentição perfeita.

Curtição

Agora, vejam só. Esses dias, no Linha de Passe (ESPN Brasil), o Fernando Calazans observou muito bem: sempre que marca, o Diego Souza comemora com raiva. O palmeirense sai de cara amarrada, cuspindo marimbondo, jebeando, filha-da-puta da cara.

Eu sei que comparar o Pelé com o Diego é um tanto agressivo, mas o objetivo era deixar bem clara a diferença entre a celebração do craque e a do jogador comum.

Nessa mesma onda, deixei de considerar craque o russo Arshavin, do Arsenal. O que ele fez num dos tentos que anotou contra o Liverpool (foram três no empate em 4 a 4, ontem), quem conhece não faz: na cara da torcida adversária, fez o gestinho "pedindo silêncio". Quanta deselegância.

Tremenda maleducação

Pô, branquelo! Eu sei que no calor da disputa, com a galera xingando, partida pegada, rola mesmo a vontade de apavorar geral. Até explica o destempero, mas não justifica. O "diferenciado" (termo palha) não guarda rancor. Não desperdiça o momento máximo do esporte, e do atleta, dando "respostinha".

Duvido que o pai do Edinho tenha um dia vacilado dessa maneira. E olha que ele comemorou pra cacete (talvez por isso tenha adotado o soco... "Porra, Coutinho, não sei mais o que inventar, a partir de agora vai ser sempre igual e foda-se, hehehe").

Bagre também faz gol
Comemoração de craque é tema para degustação de 117 engradados de Wimi (malbec, cabernet, de todas as safras). Mas, passemos para outro tipo de celebração também interessante. Dos gênios, só se espera a alegria de quem domina a dificílima arte do futebol. Já da turma que judia a redonda, sabe Deus...

De vez em quando rolam uns esquemas fantásticos... quem viu a comemoração do Wanderley, atacante do Cruzeiro, na vitória sobre o Ituiutaba? Primeiro, não existe craque com nome terminado em "ey". E depois, só réba comemora como se fosse a última vez (até porque, vai que é).

Pelota no fundo da meta, o Wanderley pulou as placas de publicidade, lançou a camisa pra cima, deu soco no ar, levantou os braços, um autêntico pout-porri. Destrambelhamento que craque não tem. Apreciem no video do UOL Esporte...